A greve acabou? Temos gasolina? Temos banana a preço de banana?
Bom!
Esses últimos dias eu vi de longe a greve que aconteceu no Brasil, e como ela atingiu diretamente a vida de literalmente todo mundo. Toda greve reivindica algo, melhorias para a classe que a faz. E o intuito da greve é incomodar. Incomodar todo mundo.
A França é o país da greve. Nesse exato momento os trens estão em greve. Ela começou ha dois meses e vai continuar até o fim de junho. Puro e simplesmente o caos. Mas eu não vou entrar no mérito de uma greve, nem abordar o sentido político, porque essa não é a finalidade do blog.
A questão é que com essa greve dos caminhoneiros, a cidade parou. Ninguém mais se locomoveu e isso me chamou atenção. É claro que eu só notei isso porque mudei completamente de realidade…se eu tivesse em Santos, talvez nem reparasse nisso. So que Santos, linda e maravilhosa, é a cidade perfeita pra se andar de bicicleta! Ela é plana, ela é pequena, você pode fazer tudo de bicicleta! Tudo mesmo!
Mas por que a gente não usa tanto bicicleta? Por que a gente neglicencia esse meio de transporte?
Pensando comigo mesma, encontrei algumas respostas. Umas justificáveis, outras não, e outras de dar pena.
Na categoria justificável pensei, claro, na questão dos roubos de bicicletas. A diferença do roubo de Santos para o de Strasbourg é que em Santos tem a abordagem; alguém te para e tira de ti o que sempre foi seu. Em Strasbourg é o bom e velho furto. Você vai tomar um café e quando volta ela não está mais lá. É chato? É. Mas não é traumatizante. A grande diferença é a violência que se faz presente.
Outro ponto que eu pensei também é do fato de em Santos chover muito. Temos épocas do ano em que se chove por dias sem parar e realmente é um empecilho andar de bicicleta com as chuvas que nós temos. Atenção que quando eu falo chuva, não incluo as chuvas de verão. As chuvas de verão tem horário pra cair e, quando caem, nem mesmo quem tem carro consegue se locomover!
Na categoria não justificável pensei no calor e nas “blitz” da polícia. Uma mochilinha com tudo pra se limpar e refrescar e ar condicionado fazem todo o trabalho. Quando eu trabalhava em Santos tinha colegas que iam de bicicleta e nenhum deles cheirava mal. Desculpa esfarrapada!
A blitz da polícia ou não sei como chamam aquilo, é feita geralmente no meio da tarde (quando estamos trabalhando!). Ou seja…
Na categoria de dar pena, tem o pensamento de que “bicicleta é coisa de pobre! Eu hein! Bicicleta? Eu? Cê ta louca!” ou o simples menosprezo pelo meio de transporte mais sustentável do planeta. Você paga 200 reais na aula de spinning pra fazer o que a simples ida e volta do trabalho faz, e de graça! Se eu te falar que em um mês o meu quadríceps voltou a aparecer e minha perna está LINDA de definida, você me responde o quê?
Outro ponto é a questão do assédio feminino. Embora isso se faça presente em qualquer meio de transporte existente, na bicicleta pode acontecer uma pequena perseguição por parte do ser vivente sem caráter. Os dois são de dar pena.
Acredito que andar de bicicleta é um hábito que todos devemos ter. Não é simples de começar mas nele só existem coisas positivas. É mais barato, não polui, faz bem pra saúde e sim, é mais rápido. As ciclovias aparecerão quando o numero de bicicletas não comportar mais. Nesse sentido, não podemos reclamar da cidade. Eles colocaram pistas cicláveis nos canais e nas principais avenidas. Se seu uso for intenso, novas serão feitas.
Pra se querer ter um “estilo de vida europeu”, ser “chique” e blablablá, deve-se primeiramente por os pés no chão e perceber que não existe isso de “coisa de pobre, coisa de rico”. Esse é o primeiro dos nossos problemas.
Aqui meu chefe vem de bicicleta, assim como eu.
Na Suíça, o presidente do laboratório onde minha prima trabalha também vai de bicicleta, assim como a faxineira do prédio.
Não tem como querer igualdade se a primeira coisa que fazemos é separar. Então, vamos evoluir?
A bientôt e, Perdoe o meu francês!
p.s.: Queria fazer um texto sobre um desafio daqui da cidade, mais saiu esse na hora de digitar. Sorry! 😀
#evolua
